quinta-feira, 16 de abril de 2015

quando se anda a pé...

Não conduzo. Ainda. Tenham lá mais um bocadinho de paciência. "Mais paciência?!", pensam aqueles que me conhecem há mais tempo. Sim, paciência. O povo não diz que a paciência é uma virtude? Vá, sejam persistentes. Um dia destes apareço em vossa casa ao volante de um carro. Em andamento e tudo! E aí, terão uma história para contar. "Esta moça esteve desde os x anos para tirar a carta. Um dia, quando eu já tinha perdido a esperança de tal coisa com os meus olhos ver, chegou à minha porta e estacionou sem bater..." Qualquer coisa assim do género. Aguardem. Isto um dia ainda vai ser uma história real.
 

 
Vinha eu das compras, daquele estabelecimento que tem mini no nome, a pé, claro está, quando uma inspiração louca começa a fervilhar-me na cabeça. Volta e meia a coisa sucede. Vou andando e escrevendo mentalmente. Às vezes até corre bem. Chego a casa, sento-me e escrevo aquilo em que pensei. Também já me aconteceu sentar-me num passeio de uma rua de Lisboa para o fazer ou o momento ia simplesmente embora. Daquelas alturas em que as palavras saltam do pensamento mais rápido do que conseguimos apanhá-las.  E por ali fiquei um bocado a tentar organizá-las no papel de modo a conseguir um discurso minimamente percetível. Há ainda as ocasiões em que chego a casa e não tenho oportunidade de escrever nem paro na rua para o fazer... e o momento passa. Há sempre alguma tristeza quando penso em deixar passar um momento em que algo pedia para ser escrito. Como se algo fizesse mais sentido ou ganhasse vida para além de nós após o fazermos. Por outro lado, ler algo que alguém escreve é como penetrar um pouco nas suas lembranças, vivencias, pensamento, coração. Não é apaixonante? "Vai mas é tirar a carta e deixa-te de divagações!", dirão alguns de vocês. Paciência.
Regressava eu com os ovos, manteiga, Nestum, bolos [o meu pai que não leia isto. avisou-me várias para não comprar doces e eu a modos que prometi não o fazer. mas era uma promoção de uns bolos americanos recheados com chocolate e não resisti. já disse que estavam em promoção, não disse?] e alguns malmequeres amarelos que apanhei pelo caminho. Pensava na quantidade de km que devo fazer diariamente, com esta coisa de levar e buscar os meninos à escola, levar e buscar aos treinos, etc. Lembrava que no início do 2º período escolar, após as férias da Páscoa, os músculos das pernas doeram-me e demorei até perceber que tinha sido por ter andado menos nas férias. Desabituei-me do ir e vir, várias vezes ao dia. Quando estava em Desporto, no secundário, acontecia o mesmo após as férias de Natal e da Páscoa. Apesar de continuar a correr nas férias e a jogar à bola, as primeiras aulas de Desporto depois das férias faziam sempre mossa. Tínhamos um professor que não brincava, era a doer, fizesse chuva ou sol. No início do ano letivo fazia um determinado número de flexões, no final dele fazia o triplo. Isto deixava-me feliz. Depois havia os colegas que faziam o triplo das minhas no início do ano e acabavam com um número estonteante no final do ano. E eu lá me resignava e reconhecia que a minha força de braços deixava muito a desejar. Batia-os noutras coisas, como na resistência e na velocidade. Era craque a passar a barreiras. Ainda hoje vou a correr despejar o lixo, quando ninguém me vê. "Onde é que esta conversa toda vai parar?", pensará o querido e paciente leitor. Ora bem, cá vai.
Pensava eu, de sacola e malmequeres na mão, que a vida cristã é um treino e em como tanto custa quando paramos para descansar. Voltar é sempre mais doloroso. Exige um esforço acrescido. Um retomar. Traz desconforto. É imperativo combater a preguiça. O compromisso traz saúde. A falta dele, de forma prolongada, mata. Um pouco como o deixar de exercitar os músculos. Quando retornamos a faze-lo dói. Mas é uma dor necessária, que dá saúde. Mais do que isso, dá vida! Correr para a meta com persistência, sem esmorecer, sem pausas ou intervalos. Deus não tira sonecas. Imaginem um segundo sequer sem a Sua graça ou cuidado sobre nós. Voltemos a mexer, a correr para Ele! A maratona espera-nos e chegar à meta será incrivelmente maravilhoso.
No meio disto tudo uma amiga querida passa na estrada e dá-me boleia. Vá, a sacola pesava um bocadinho.
 

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