um raio de sol...

Estou à porta de uma escola primária comum. Comum, não fosse a figura simpática que a destaca. No seu portão está um contínuo castiço que imediatamente mete conversa comigo. Falador, qualquer pretexto lhe serve de tema para dois dedos de prosa. O menino que deixou a mochila no chão e foi embora, o cão que dorme estendido no chão, as flores que começam a aparecer aqui e ali e por aí fora.

Cada criança que entra na escola recebe um caloroso e agradável "boa tarde" e mais algum comentário afável. Um menino, ao passar o portão, pergunta o que é o almoço. O senhor, de boné na cabeça e uns quantos dentes a menos, responde num tom coloquial: salada russa de peixe! Di-lo como se de um autêntico banquete se tratasse e até mim apetece almoçar ali.

De forma humilde parece ser um raio de sol, um sopro de doçura e boa-disposição na rotina diária daqueles que com ele têm o privilégio de se cruzar. Calculo que cada criança e professor tenha para ele o mesmo significado.

Admiro a forma correcta e alegre com que ali fica o dia todo a abrir e fechar o portão.

Gostei de conhecer a personagem que talvez passe despercebida a alguns que por ali passam diariamente. Eu, que o observei pela primeira vez, achei-o extraordinário de uma forma incrivelmente simples.