O primeiro sinal em como estávamos perto do acampamento era chegar à barragem. O ritual era sempre o mesmo. Respirar o ar, olhar pela janela para ver se estava cheia ou não. Admirá-la com um sorriso feliz.
No tempo em que a ída à piscina de Ponte de Sor era coisa inexistente. Íamos três vezes por semana à barragem nas semanas de acampamento. Isto, se não contarmos com algumas escapadelas noturnas que aconteciam volta e meia. Malta rebelde, aquela. Os carros eram escassos. O caminho era feito a pé, entre cantorias, guitarradas e toalha em volta do pescoço e chinelos nos pés. Numa dessas caminhadas, caí em cima das amoras, após o primo João me fazer voar para cima delas numa brincadeira. Autch! O João Pedro marchava enquanto cantava "Ó meu sargento, ó meu sargento, p`ra esquerda, p`ra a direita, p`ra trás e p`ra frente!" Seguiamos-lhe o passo com entusiasmo. A paragem na fonte, escondida entre os arbustos, era quase obrigatória. Lá, bebíamos água, fazíamos rodas, cantávamos mais. Havia carros que faziam várias viagens. Os mais fortes íam o caminho todo a pé, com grande orgulho.
Às sextas feiras a ída para a barragem era um desafio maior. Passávamos o dia na "Shell". À hora do almoço abria-se o porta bagagem da carrinha e saltava o frango assado. Ao lanche, o pão com manteiga e os cantis azuis com água. Fazíamos fila, sempre com apetite. Juntávamo-nos na grande mesa de pedra, perto da fonte ou debaixo de uma árvore junto á água. À tarde cantávamos juntos. Nadava-se até à ilha. Alguns davam um salto às comportas. As idas à fonte sucediam-se. A rampa, onde tantas vezes estendíamos a toalha, parecia maior na altura. Jogava-se vollei e construíam-se pirâmides humanas dentro de água. Comprava-se gelados no café, de vez em quando. Alguns de nós fazíamos o caminho de volta a correr até ao ABS. Um dia, fiquei esquecida com mais 4 amigos. Os chinelos eram a menos e o chão escaldava. Rimos muito, enquanto os mesmos chinelos passavam ora por uns pés, ora por outros. Apanhámos boleia e chegámos inteiros. Uma aventura!
Foi no tempo em que os carros cabiam dentro dos muros do acampamento, os portões não existiam, a piscina não era um destino, andar a pé era um prazer necessário e todas as fontes jorravam água.
As que seguem, alguns anos antes.
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