Conheço bem estes corredores do hospital D. Estefânia. Mas há pais que o conhecem melhor do que eu, que vivem aqui muito tempo, dias e longas noites. O que mais me atrai neste corredor é a forma como a luz do sol o inunda. Esperança espelhada. É sempre com esperança e alegria que encontro a família da Taissa, especialmente o seu pai, Paulo. Os olhos deles fitam um Deus maior que a nossa própria fé, o Dador dela.
Ao seu lado, no quarto, encontra-se a Any, uma menina de São Tomé, também com T18, mas parcial. Fez esta semana um ano, idade que a Taissa completou no mês passado. Um ano de lutas, de lágrimas, de vitórias, de sorrisos doces, de abraços, de orações levadas ao trono da graça, de escola, de fé. Sem esmorecerem, estes pais continuam, confiando que Deus tem poder para curar as suas meninas, se for essa a Sua vontade. E sabendo que, Ele é sempre bom e o Seu caminho perfeito.
Os pequenos milagres continuam a acontecer. A Taissa luta contra a sua 11ª pneumonia. Uma guerreira, esta formiguinha. Ontem de manhã as notícias foram animadoras, com a possibilidade de ser retirada a sonda de alimentação e começar a alimentar-se pela boca, fazendo terapia da fala. Deus surpreende a todo o instante!
Cantámos os parabéns à pequena Any. Pode custar mais ou menos levar um pouco de alegria e aliviar o fardo de alguém. E sim, também nós aprendemos muito nesse processo. Mas não o fazemos para nos sentirmos bem ou realizados, fazemos para o outro, tendo em vista o bem, a alegria do outro. Nós não somos o importante aqui. Também há uns que pensam que não são capaz, que não têm coragem de ver o sofrimento de perto. Mas lá está, mais uma vez é o "eu" que vem ao de cima, enquanto o foco devia estar no outro e em Cristo. Como nos sentimos pouco interessa aqui. Fazemos porque queremos imitar Jesus e ser cheiro suave, porque sofremos juntamente com eles, mesmo que isso implique sacrifício da nossa parte. "Chorar com os que choram e alegrar com os que se alegram", lemos nas Escrituras. Trabalhar para ver sorrisos plantados nas faces dos que sofrem, para fortalecer a fé e esperança que o próprio Deus semeia. Que a tal Deus nos ajude, mantendo-nos atentos e disponíveis, menos egoístas e menos centrados em nós. Somos muitas vezes ingratos, mesmo quando pensamos que somos gratos. Nem que seja por não agradecermos a Deus do tanto que Ele nos livra ou poupa. Precisamos ver para agradecer. Esquecemos de agradecer o que não vemos, porque não temos, pela misericórdia dEle.
3 comentários:
Um abraçinho ao Paulo e família.
Lídia(Lili).
A Any estava toda aperaltada. É tão lindinha.
yep. :)
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