quinta-feira, 6 de setembro de 2012

regresso

Faleceu um vizinho querido da praceta onde cresci, em Chelas. O vizinho Fernando. Um senhor bem-disposto e afável que passava os dias na sua cadeira de rodas, na praceta. Entrar e sair de casa significava obrigatoriamente passar por ele. Se precisávamos saber se alguém já tinha regressado a casa, bastava perguntar-lhe. Dois dedos de conversa. Um sorriso sincero. É assim que me lembro dele. Também recordo bastante bem os banhos de mangueira que nos dava no Verão. Partiu no sábado. A praceta pareceu-me mais escura.
Voltar à praceta onde cresci é sempre um acontecimento aconchegante, não importa a razão. Estive com vizinhos que não via desde os meus 18 anos. Caras envelhecidas, mas a  mesma expressão doce e alegre ao me verem. Reconheci nos rostos traços que os anos tentaram camuflar com algumas rugas. Os sorrisos mantém-se quentes. As histórias ainda se cruzam.
Regressar à casa dos pais da Nessa é quase como voltar à minha própria casa. Talvez pelas horas que lá passei na minha infância e adolescência. Os cheiros familiares, os cantos... tudo me abraçou como se nunca dali tivesse saído. Foi como voltar no dia seguinte.
 


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