sábado, 28 de maio de 2011

Lisboa

Desço e subo as ladeiras com a calçada debaixo dos pés e um lençol, que cai numa janela de um prédio esguio, a bater-me na nuca.
Os candeeiros antigos, os mini-ateliers de costura com balcões de madeira, as retrosarias que parecem ter parado no tempo, os sapateiros, as papelarias com portas apinhadas de jornais e revistas, as lojas de música de onde sempre sai alguma melodia, a drogaria que vende de tudo um pouco, as tascas que generosamente levam um rasto do seu cheiro pela rua fora e os vizinhos que param, trocam dois dedos de prosa e ajudam a carregar os sacos da mercearia até à porta do prédio arcaico.
O cenário muda quando chego a uma das avenidas. O espaço é alargado. Talvez por isso as pessoas andem mais depressa e não se encontrem realmente. Aí, tudo é possível. Desde ganhar uma tatuagem na pela para a vida, comprar uma camisola da sua banda favorita, a uns óculos de marca, vendidos no passeio por um sujeito de aparência suspeita. Assistir a uma peça de teatro ou bailado estonteante, ver um filme directamente de Hollywood no cinema, mergulhar na história de algum livro, explorar e vibrar com diferentes estilos de música, parar num "music ou cyber cafe", apreciar coloridos graffitis ou exposições. É uma injecção de adrenalina que dá a conhecer um outro tipo de vida. Depois, mais calmamente, podemos olhar o castelo, saborear e ser inundado com cheiros de iguarias diversas, almoçar num restaurante gourmet, olhar as lojas com marcas de renome acessíveis só a uma determinada elite, repousar a vista na paisagem com que os vários miradouros nos presenteiam ou sobre o rio Tejo, de onde tantos partiram outrora à descoberta.
Há ainda os triciclos motorizados, que tanto vendem castanhas como cerejas, dependendo da época do ano, a mistura de raças e os turistas que param pasmados ora para tirar uma fotografia a um monumento, agora já de cara limpa, ora a um mendigo sujo prostrado no passeio. São os contraste de uma cidade que respira  e grita história por todos os poros e recantos. E algures, uma guitarra continua a tocar...

3 comentários:

Tulipa disse...

Adoro Lisboa :)
Bjs

Rute Carla disse...

Edite, sou alfacinha. Sinto falta de pisá-la mais vezes, como normalmente fazia.

Anónimo disse...

fiquei com saudades de passear por lisboa :-)