Despedir-me de manhã cedo do marido que foi para o Porto dois dias, em trabalho. Preparar o pequeno-almoço e os lanches para a escola. Fazer meditação com os meninos. Deixá-los na escola. Apanhar chuva, comboio, metro e andar a pé até àquela que um dia foi a minha escola primária. Estar lá 2 horas e meia. Fazer o caminho de regresso. Andar a pé, de metro e comboio. Adormecer neste último. Receber com alegria a boleia do meu dad, que me safou de ir de autocarro e de andar mais um bocado a pé, para chegar a casa. Preparar algumas coisas, engolir dois iogurtes e ir para a escola primária ensaiar para a gala de finalistas com a turma do Jojó, onde já o Marcos me esperava. Rodear-me de 26 crianças que têm tanto de enérgicas como de doces. Ensaiar com elas, as canções, as falas da apresentação e a entrada e saída de cena. Testar o som do auditório. Combinar detalhes com um professor que se disponibilizou para ajudar. Receber uns quantos telefonemas de mães durante a tarde. Ir às compras a correr, a pé. Voltar carregada porque esqueci-me que não estava com carro. Deixar um filho e mochilas em casa dos pais para conseguir chegar a casa. Arrumar compras, preparar roupas do treino. Correr novamente para casa dos pais para agarrar o mais novo e levar ao treino de futebol. Voltar a passos largos para receber o Jojó e Samuel, vindos de uma festa de anos e de casa dos primos, respetivamente. Tratar da roupa. Dar banho ao Jónatas, que está com gesso. Fazer lanches. Deixar o Sammy no treino e trazer o Marcos. Fazer o jantar. Arrumar a cozinha. Dar jantar. Fazer o culto doméstico com os meninos. Deitá-los. Dar beijos e abraços de boa noite. Procurar o gato e a ervilha do Marcos. Insistir com o mais velho para parar de ler e dormir. Começar a pensar em preparar as coisas para o dia seguinte, mas antes, sentar-me um bocadinho.
À minha mente vem um menino que esta manhã teve as suas mãos sujas com pasta de modelar pela primeira vez e mal cabia em si de contente. Confessou-me que não queria ir de férias para não se separar de mim. Revejo ainda a cara do Q., durante os ensaios no auditório da escola e o sorriso perfeito que lhe iluminou a cara quando me segredou: "Vou trazer um bolo de laranja para a gala!"
Ah... foi um dia bonito!
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