Um dia tive um amigo. A sua delicadeza no trato e amor pelos outros era especial. Foi amigo presente tantas vezes, lado a lado, em diferentes momentos. Oramos e servimos juntos e sonhamos com o que Deus ainda faria. Aprendi a amá-lo desde pequena. Amigo do meu mano, era meu amigo também. A facilidade com que falava de Cristo, o Seu Salvador, era uma marca sua. Falava com a mesma facilidade à senhora da mercearia, a um desconhecido ou a um doente no hospital. Foi inspiração para mim quanto a amar a Palavra e a lê-la e nesta coisa de viver a fé no dia a dia, de forma natural. Ensinou-me a ter o culto doméstico em família e a benção que tal feito era. Dificilmente alguém conseguia estar mal disposto ao pé dele, tinha um humor contagiante. Era uma pessoa simples. Gostava de correr, cantar hinos em inglês e coros antigos, tocar viola, jogar futebol, basket, ténis e ping pong, passear na natureza, escrever bilhetinhos à esposa, de Inglaterra, do ABS, de beber café e comer bolo de limão, de pregar a Palavra. Quando eu era pequena dizia que ainda iriamos ser primos. Assim foi.
Os últimos momentos que tive com ele, antes de ser hospitalizado, foram num casamento. Estava sozinho. Sentei-me ao seu lado. Ali ficamos durante 20 minutos, em silêncio. Porque há um conforto no silêncio que só pode ser encontrado junto dos que amamos.
Nos últimos anos da sua vida o Paulo aprendeu a amar a graça de Deus de uma forma mais intensa. Sei que agora desfruta dela de forma plena e canta na Sua presença. Relembro a sua face ao cantar alguns hinos e imagino-a agora, gloriosa, a cantar no céu.
A dor que sentimos na ausência dos que mais amamos é gigante e afinca no mais fundo de nós até quase se transformar numa dor palpável. Há uma lacuna que é apenas preenchida com a graça diária que Deus concede e com a certeza do lugar onde a pessoa que perdemos permanece. O melhor lugar. A alegria do reencontro é quase explosiva. Um abraço será dado em breve. Aguardo.
Até lá!
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