quarta-feira, 13 de maio de 2015

muito além de nós.

 



Uma mãozinha quente pega na minha mão e dá-me um beijo. O filho do meio tem destas coisas. Passa a vida a dar-me beijos na mão. Pergunto-me se continuarei a ter beijos na mão dados por ele, no futuro. Quando forem homens feitos e não estiverem mais cá em casa [pausa para respirar] e tiverem as suas esposas. Há um tempo para todas as coisas, eu sei. Mas a possibilidade de continuar a receber beijos na mão no futuro é uma ideia que me aquece o coração e não me parece contradizer essa condição de "ser homem", pelo contrário. Portanto, continuarei a sonhar com os meus beijos na mão dados pelo Jojó.
 
 
Olho o filho mais velho em campo. Olho outra vez, com os olhos mais abertos. Mesmo? Aquele rapaz alto, com músculo nas pernas é o meu bebé que nasceu com pouco mais de 2kg? Que dormia como se ainda não tivesse nascido?
Esta coisa complexa de ser mãe de três rapazes. De criar meninos e ensiná-los a serem homens. Serem homens de Deus, é o que mais desejo para eles. Porque tudo o resto é demasiado curto. Sei que só em Deus há plenitude de vida e fartura de eternidade. O meu desejo é ver os meus filhos firmarem-se no caminho estreito com entusiasmo, ousadia e humildade. Semeio, orando para que Deus faça brotar cada semente plantada em amor e, mesmo aquelas que planto toscamente, peço a Deus que as segure e não deixe que o vento as leve ou a amargura as estrangule. Misericórdia, preciso. Graça para esta coisa de ser mãe e educar meninos neste mundo, com a minha imperfeição.
 
 
Preciso que Deus aumente a minha fé e me ensine a repousar nEle. Sei que nada, em última instância, depende dos meus grandes feitos ou bonitas palavras, mas somente dEle. Trazemos preocupação ao nosso coração de maneira quase tola, tantas e tantas vezes, porque no fundo, nada está nas nossas mãos. A boa coisa é saber em que mãos estão. Isso dá esperança real. Prosseguimos. Oramos para que as raízes na vida deles sejam fortes. Damos alimento consistente. Oramos. Entregamos. Prosseguimos.
Tudo o que nos chega é pura graça, uma vez de nada sermos merecedores. Cada derrota grita-nos que não é em nós mesmos que conseguimos. A humildade é uma disciplina para a vida e anda de mãos dadas com a graça. Abrange tanto! Caminho longo, o que temos de percorrer, num sopro apenas.
 
 
 
O mais pequeno vem dar-me um abraço. É algo muito dele, procurar-me do nada para me abraçar, só porque sim. Mantenho-o junto a mim durante alguns segundos e depois largo-o. Abro os braços devagar e deixo-o ir. Acho que Deus inventou os abraços como uma preparação da hora em que temos de deixá-los ir de vez. Aquele momento em que deixamos de fazer pressão para os manter junto a nós e vamos descolando devagarinho até eles irem embora a correr, felizes. Largamos, confiantes que sentiram o nosso amor por eles. Mas é mais do que isso. Esperamos que através de nós tenham sentido um amor maior. No domingo, ouvia que o melhor que podemos dar aos nossos filhos é Deus. Assim, simples. Mas nós temos uma aptidão grande para complicar. Também posso concordar que nem sempre é tarefa simples, devido ao nosso pecado. Por outro lado, não serão também as nossas imperfeições um trampolim para os nosso filhos verem mais da graça do próprio Deus? Manter o foco, é preciso. Tudo se resume a isto. Graça. Graça de Deus para connosco. A graça que precisamos demonstrar aos nossos filhos. E a graça que eles precisam demonstrar a nós.
Abrimos os braços, mas mantemos os olhos fechados, em oração. Prosseguimos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ando a ser "chicoteada "por este blog.


" O melhor que podemos dar aos nossos filhos é Deus"

Lídia

sara leite disse...

Bonita reflexão, Rute. Parabéns! Bjs na família.