terça-feira, 8 de dezembro de 2009

{entre o céu e a terra}


Hoje, depois do ensaio para a festa de Natal, dei um pulo a uma daquelas superfícies comerciais que ficam apinhadas de gente nesta altura do ano. Tal atrevimento, a fim de encher o meu termo com um maravilhoso "toffe nut latte" no Starbucks e deliciar-me com um muffin de mirtilhos.
O cenário à minha volta era um pouco caótico, mas só mais tarde, no carro, enquanto olhava o céu e o sol a preparar-se para repousar, as imagens do tal cenário me vieram à mente.
A enchente era tal, que as pessoas ficaram por momentos mais magras só para poderem andar lá dentro todas ao mesmo tempo. Pais lutavam para não perderem os filhos, que olhavam com um olhar de desespero lá de baixo, tentando sem grande sucesso fugir aos sacos de outros, que volta e meia lhes batiam na cara. Um bebé chorava no carrinho que não arranjava espaço para andar... outro chorava fora dele, pela mesma razão, falta de espaço para andar. Alguém olhava para o relógio, outros falavam ao telemóvel e ainda havia aqueles que, alheios ao reboliço, permaneciam sentados num banco, de livro aberto, com o pensamento longe. Um grupo de adolescentes corria para o cinema, com o bilhete numa mão e sacos de gomas na outra. Um casal conversava e ria. Uma menina de meias às riscas choramingava pedindo algo... a confusão não me permitiu ouvir o resto... (as minhas desculpas por não poder satisfazer a vossa curiosidade). Duas amigas esforçavam-se por agarrar todos os sacos de compras e algumas frases chegaram até mim. "Já comia qualquer coisa...", "Não é por aí...", "Ainda falta a prenda da Mariana...", "Olha lá que giro!...", "Vou colocar-lhe umas natas extra..." Ops! É comigo? "Oh... eu agradeço!", respondi.
Dois meninos subiam as escadas rolantes ao contrário (estes podiam muito bem ser os meus...), outros dois tinham um olhar de aborrecimento estampado no rosto. Uma menina olha va deslumbrada as luzes por cima dela, ao colo do pai, outra besuntava visivelmente satisfeita a cara num gelado enorme e outros tantos observavam os coelhos que estavam na montra da loja de animais. Uns tantos encontrões e "desculpes", sempre com uma voz amável... afinal estamos em época de Natal!
E enquanto olhava o céu... não pude deixar de sorrir.

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