sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Samuel, Samuel...


Já tem doze anos e eu mal posso acreditar. Se parte de mim deseja agarrá-lo e faze-lo parar de crescer por um bocadinho, outra parte está entusiasmada com o que por aí vem. As descobertas multiplicam-se e as mudanças vão acontecendo. Decifrar sentimentos e saber como lidar com eles, dar as boas vindas às borbulhas que já vão aparecendo, estender em 30 minutos a hora de dormir, o que significa ouvir música antes de fechar os olhos, ou na maioria das vezes, adormecer a ouvi-la e ter uma mãe que lhe vai tirar os phones dos ouvidos. Assisto aos encontros com amigos, às brincadeiras e sei que tal é um privilégio que poderá não estar sempre ao meu alcance. Ver o prazer que tem ao ter a bola de futebol nos pés e ao correr pelo campo fora com os colegas de equipa. Viver e sentir o que o entusiasma e o que preocupa ou entristece. Constatar a boa disposição que tem na escola e a forma como os colegas e professores gostam da sua companhia descontraída. Sentido de humor apurado. Crescido, porém, ri-se com todas as tolices dos manos, especialmente do mais novo. Assistir às cumplicidades, ouvir o que sente e pedir a Deus para que me conte sempre as coisas. O Samuel é quase transparente. É também o que sabe sempre quando estou presente, mas tenho o pensamento longe. Consegue ler o meu olhar e há coisas que só os dois percebemos. Precisa de ser limado em tanto, mas é um prazer acompanhar cada desafio, cada luta, cada conquista e descoberta. Está praticamente da minha altura e tira-me do sério tantas vezes. Olho-o enquanto dorme e tento imaginar os dias que se seguem...