quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Fecho os olhos devagar. Lentamente as vozes ecoam na minha mente. Uma e depois outra. Os Natais são sempre nostálgicos. Trazem consigo memórias que parecem esperar para desabrochar nesta altura do ano. Ganham nova vida e espreitam com mais intensidade. Um som, uma palavra, uma música, um cheiro... e tudo volta como se ontem tivesse sido vivido.
Vejo perfeitamente o sorriso querido da minha avó Guida e da Mimi. Ouço a campaínha do prédio a soar, os passos que sobem as escadas, enquanto eu corro ao encontro delas. As filhoses de abóbora sorriem orgulhosas ao entrar, acompanhadas pela tarte de amêndoa e os queques de cenoura fofos. Ah... mas nada como o abraço terno da minha vovó e sentir a sua mão a pegar na minha docemente. A casa cheira ao arroz doce da minha mãe e ao pinheiro de Natal. Na televisão vê-se os filmes de Fred Astaire, o ET e Música no Coração, em família. Depois do jantar chega o momento mais ansiado, a música. Os hinos de Natal cantados a vozes. O clarinete do meu pai e a flauta do meu mano cruzam-se alegremente com os risos francos quando o engano surge e dá direito às cócegas nos joelhos um do outro. No escuro, a sessão de slides recordando outros tempos, tal como eu recordo os de então agora. A história do nascimento de Cristo novamente contada, maravilhando-me como se pela primeira vez a ouvisse.
Aquele sentimento de aconchego, segurança e paz que nos diz que não havia outro lugar no mundo onde preferíssemos estar inunda-nos.
Hoje, fecho os olhos devagar.

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